A Gaveta da professora
Um dia desses, na minha solitude de aposentada, me sentei ao lado de uma gaveta na qual estão guardados recortes de jornais, cartões, mimos, placas, comendas, medalhas, certificados, diplomas e outras referências das minudencias de minha existência, especialmente no meu exercício de professora. Ali fiquei por horas contemplando aquele amontoado de papeis e objetos. Comecei a separá-los, de modo a reconhecer, ao meu julgamento atual, de tudo aquilo, o que foi importante, relevante ou fundamental.
Confesso que foi a primeira vez que me emocionei ao remexer nessas lembranças. Parei, respirei fundo, recostei a cabeça na parede e revi, na memória, alguns momentos vividos. Uns me fizeram sorrir e outros me deixaram pensativa, refletindo sobre as sutilezas da vida, as realizações pessoais e profissionais, as conquistas, também, as decepções.
Enfim, com base naqueles recortes da minha história, cheguei a me perguntar: o que escolheria como marca para ser lembrada?
Depois de algum tempo de (re)leituras nesses registros, decidi que todos deviam voltar, sem ordem cronológica, para o lugar físico que eu havia reservado, pois nesse “documentário” estão contidas muitas emoções. Mesmo assim, após fechar a gaveta, resolvi abrir um compartimento secreto do lado esquerdo do peito e lá deixar cópias do que revi e vivi, pois “O que a memória ama fica eterno”. (Rubem Alves).
Iêda Chaves Freitas
15.10.2022
Obs. ´No período de 2009 a 2015, estive como Secretária de Educação do Município de Mossoró-RN.
Essas fotos foram publicadas nos Jornais mossoroense, “de Fato e Gazeta do Oeste”, no período referido.