Minhas Estações

Vez por outra me ponho arrumando uma pequena mala de viagem, apenas com itens essenciais, e me dirijo para uma estação. Na plataforma primavera, tomo o trem que vai fazendo paradas por belos jardins. Escolho algumas flores, rosas e lírios do campo e coloco-as no vaso de minhas veias poéticas.

Na plataforma verão, escolho o litoral para caminhar descalça na areia, tomar água de coco e me debruçar na varanda dos pensares, ver o pôr do Sol e as ondas quebrando na praia. Transformo as imagens em obras de arte.

Gosto de pegar a plataforma do outono durante o dia, e fazer uma parada estratégica em um parque onde eu posso renovar minhas lembranças, caminhando sobre o tapete de folhas secas, assim relembro o que já fiz de bom e o que ainda posso vir a fazer, inclusive poetar, quem sabe.

Já na plataforma do inverno, escolho aquele lugar onde posso aquecer minh’alma de saudades, tomando um vinho e iluminando minha mente com o brilho do fogo que queima na lareira. Sinto-me aconchegada pelo amor-próprio e pela poesia.

Assim, em cada uma dessas plataformas, deixo e levo na mala, e no cantinho do coração, a esperança e a gratidão. Vou e depois volto, nem sempre pelo mesmo trajeto, mas com o mesmo propósito - ser feliz em qualquer lugar e estação.

Iêda Chaves Freitas

14.06.2022