Fragmentos de lembranças
Revisitei o município que nasci, Portalegre-RN, e pousei para foto na frente das casas que morei até minha adolescência.
Fragmentos de boas lembranças vieram a minha mente, com tanta nitidez, como se olhasse uma fotografia ampliada, sem retoques, posto que o colorido das imagens não havia perdido a qualidade.
Quanta beleza pude buscar nos álbuns de minhas vivências e de tudo que pude amealhar naquela tarde.
Na minha imaginação, passeei de bicicleta pelas ruas, ainda não pavimentadas. Perambulei pelas calçadas olhando pelas janelas, contudo, agora em formatos diferentes, não se vê mais o interior das casas.
Senti o desejo de saborear uma manga, ali mesmo, debaixo de uma mangueira e ficar lambuzada, depois quis correr para casa e me lavar numa bacia, no quintal, onde minha mãe cultivava um belo jardim.
Senti o cheiro de saudades da vida simples, de um tempo no qual as pessoas se sentavam nas calçadas nos fins de tarde para ver a vida passar. A noitinha, eu ia dar voltas ao redor da pracinha, conversar com as amigas sobre os feitos do dia, nada demais, apenas o suficiente para algumas risadas.
Ah, visitei o grupo escolar onde estudei até o quinto ano. Conversei com os funcionários, que claro, não me conheciam, mas foram gentis comigo ao saber que eu ali tinha estudado.
Não podia deixar de ir na Igreja, e pasmem, foi lá no patamar que tive meus primeiros flertes, inocentes, escondidos, o despertar das primeiras paixões.
Enfim, foi uma tarde para rememorar uma etapa feliz de minha vida que consolidou o que sou, uma pessoa plena, grata.
Voltarei mais vezes, outras lembranças serão bem-vindas no repertório de meu bem-viver.
Iêda Chaves Freitas
06.02.2022
As fotos são na frente das duas casas que morei, na praça, que atualmente reformada, e no interior da Escola Margarida de Freitas.