Nos dias solitários, aqueles em que as presenças nem pedem licença para se ausentarem, não fico sozinha, escolho o mar para me fazer companhia.
Lá, me sento na areia e fico a admirar o vai vem das ondas. Cada uma que se aproxima e quebra na praia é como se me revelasse segredos. Escuto-os e guardo-os no cofre da mente. Me divirto com as aventuras de alguns e sorrio.
Fico admirando a leveza e as manobras daquele que se aventura na prática do kitesurf e escolhem flutuar no ritmo das ondas e dos ventos, num balé sincronizado e belo. Penso: mesmo que o atleta esteja só naquela prancha e no imensidão do mar, é a liberdade que lhe faz companhia.
Espero o entardecer que me permite assistir ao espetáculo dos raios do Sol, refletindo na azul do mar. O som das águas me estimula a manter um diálogo silencioso e contemplativo sobre as belezas naturais e as vicissitudes ao longo da vida. Aplaudo o arrebol.
Quando a noite chega eu saúdo as estrelas, peço-lhes para me fazerem companhia e que iluminem os meus pensares e ações.
Depois de algumas horas na praia, me sinto plena. Despeço-me da solidão e volto para casa na companhia da felicidade e de alma lavada.
Iêda Chaves Freitas
21.10.2021