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Mamãe...
Ao lembrar o seu sorriso doce e cativante me alegro, sinto saudades, especialmente, quando se aproxima o dia de seu aniversário. Se viva estivesse, neste dia 14 de agosto, a senhora faria 93 anos e, certamente, celebraríamos ao seu estilo, com alegria e gratidão.
Sabe mamãe, quando estou com meus filhos e netos digo para eles de como a imagino vivendo neste tempo de avanços nas tecnologias da comunicação.
Tenho convicção de que estaria dominando o uso do celular com um perfil no Instagram, só para manter-se socializada, assim como, compartilharia vídeos no TikTok com os bisnetos para dinamizar a relação com eles.
Seguramente, seria uma bisavó moderna, com energia e entusiasmo pelas conquistas em cada fase e atividades das vidas de seus quatro bisnetos.
Lembro-me de sua empatia e do quanto era atualizada, conversava sobre qualquer assunto com os meus amigos, cativava-os, inclusive com seus sorvetes caseiros, que caiam bem nas tardes quentes das cidades nordestinas em que moramos.
Ah, como sinto saudades de nossas conversas nos cafés das tardes, quando trocávamos confidências, fazíamos planos, ríamos dos nossos devaneios, enfim, nos divertíamos conosco e, nessa simplicidade, éramos felizes.
Há dias que sinto sua presença me orientando, em outros, queria tê-la perto para que me sugerisse qual melhor decisão tomar. A senhora era tão sábia, mesmo com pouco saber formal. Era hábil em encontrar o ponto de equilíbrio em situações conflituosas. Vibrava com os avanços dizendo assim “como vivemos até agora sem isso?” E, assim, explorava as novidades que surgiam.
Pois é mamãe, a senhora nos deu o prazer de sua companhia por apenas 49 anos, me deixou quando eu tinha 20 anos, só acompanhou o primeiro aninho de sua primeira neta e nesse curto tempo cuidou-a com a dedicação de uma avó amorosa e paciente.
Como lamento porque a senhora não viu a realização dos sonhos que sonhamos juntas, inclusive de me ver formada e atuando profissionalmente. Saiba que exerci com ética os cargos e funções que assumi. Muitas vezes quis vê-la nos palcos da vida nos quais atuei.
Sou-lhe muito grata pelo que me ensinou e reconheço que não aprendi tudo, mas, ainda assim, me esforço para não a decepcionar, pois sei que ainda acompanha o meu caminhar e eu continuo a seguir seu exemplo de simplicidade e carisma.
Eu te amo.
Iêda Chaves Freitas
14.08.2021
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 14/08/2021
Alterado em 14/08/2021
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