Ieda Chaves Freitas
Percepções sobre o que li, vi e vivi.
Textos
Acordei com uma fresta de sol entrando pela janela do meu quarto, me veio de relance lembranças de meu quarto quando eu era criança, em Portalegre-RN.A casa situava-se em uma rua pequena, quatro casas até chegar à Igreja. Era composta por três salas amplas, dois quartos, um terraço, duas cozinhas, sendo uma auxiliar, com fogão a lenha.
Mas, o que mais gostava nessa casa era o amplo quintal dividido em três: no primeiro, havia vários pés de árvores frutíferas: uma bela mangueira, bananeiras, laranjeiras e goiabeiras. Tinha uma horta vertical onde se plantava e colhia coentro, cebolinha e alface, além de um pé de urucum, de cujos frutos é produzido o colorau (colorífico). Havia, também, dois galinheiros que separavam as galinhas que, após ficarem um empo com alimentação especial, compunham o cardápio dos almoços dos dias de domingo.
No segundo quintal, mais fruteiras, inclusive um pé de seriguela (fruta típica do Nordeste) que era meu refúgio, meu xodó, meu cantinho do pensar, sonhar...
No terceiro, outras fruteiras, dentre essas uma jaqueira linda, gostava de sua sombra e brincar embaixo dela, pois não havia arbustos. Esse terceiro quintal era reservado para plantar milho e feijão no período do inverno.
Havia vida nesse espaço, em cujas árvores os passarinhos faziam festa. Era um lugar aprazível que proporcionava uma vida saudável. Lá eu também brincava com minhas amigas, me refugiava para ler e fazer meus deveres de casa, ouvindo o canto dos pássaros, subia nas árvores para apanhar fruta madura e, ali mesmo, saboreava, sentada em um dos galhos, o mais confortável, nem sempre o mais seguro.
Saudades de um tempo e espaço onde, com a liberdade e a inocência de uma criança, sonhei e, muitos desses sonhos realizei, com simplicidade e determinação.
05.06.2021
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 05/06/2021
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