Ieda Chaves Freitas
Percepções sobre o que li, vi e vivi.
Capa Meu Diário Textos E-books Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos
Escolhi como tema, para esta crônica, a ‘cumplicidade’ por entender que é difícil falar de relações afetivas, sem que o termo seja usado com o sentido de ser um dos elos que garante a união, quer seja num namoro, casamento ou nas amizades. Além disso é atribuída a cumplicidade uma das razões para que as relações tenham estabilidades ou “durem para sempre”.
Penso eu, que é um termo mais fácil de ser utilizado como discurso, do que na prática, haja vista, todas as demais qualidades que envolvem a cumplicidade.
Nem sempre queremos ou escolhemos ser cúmplices de atos exercidos por outrem, pelo menos no contexto jurídico, mesmo que o “outro” seja um ente muito querido. Pois bem, quando se fala de cumplicidade no amor, esse sentimento, por essência, requer liberdade, respeito e lealdade, primeiro, aos nossos valores que, por natureza, foram construídos com base na nossa personalidade, distinta de outras, posto que somos únicos.
Nesse sentido, para manter uma relação harmônica, em qualquer vínculo afetivo, não necessariamente há que se compactuar com aquilo que se discorda, o que não denota não compreender, aceitar e dissimular alguns comportamentos específicos das diferenças das pessoas, mesmos aquelas que se amam.
Se por um lado a cumplicidade exige lealdade e respeito pelo outro, e está vinculada a questão dos próprios princípios, isso significa dizer que, se eu compactuo com o que não acredito, apenas para agradar o outro, desrespeito os meus valores, sou falsa comigo mesma, nego ou desmoralizo minhas convicções.
Assim, sem querer tirar o mérito da cumplicidade, no caso das relações afetivas, prefiro usar o critério do amor e do respeito, estes sim, sentimentos que resistem às adversidades, posto que, sendo sinceros, não exigem nenhum artifício de prova, e assim mantém os indivíduos livres para manterem uma união, que pode resistir ao tempo, ser estável, com reciprocidade de afetos, mimos, carinho e atenção.
Até mesmo a cumplicidade, como sinônimo de companheirismo, exige outras qualidades, como a conveniência; e ser conivente, por si só, não garante a solidez de uma união, pois há um elo dessa corrente que pode não estar confortável, pelo menos no conceito quanto aos direitos das liberdades individuais.
Assim, entendo a beleza do vocábulo, não critico quem o usa como forma de assegurar sua fidelidade ao outro, mas penso, também, que a felicidade é uma escolha, e quando somos instados a fazer algo que não vai ao encontro de nossos valores, como posso exigir que o outro ponha à prova sua lealdade?
Concluo, perguntando: a cumplicidade é um ato para provar o amor a outra pessoa ou é apenas algo que se preceitua como uma qualidade intrínseca as relações afetivas? Sinceramente, não julgo fácil garantir-se uma cumplicidade feliz se ela pressupõe conivência com princípios que não são próprios. Pelo menos penso assim...
 
Iêda Chaves Freitas
28.04.2021
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 28/04/2021
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Capa Meu Diário Textos E-books Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links