Ieda Chaves Freitas
Percepções sobre o que li, vi e vivi.
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Textos
Relendo uma crônica da escritora Adélia Prado, intitulada Erótica é a alma, veio-me à memória de quando eu criança, e de como gostava de ficar sem roupa dentro de casa, pois nua me sentia livre, leve e solta.
Fui crescendo e, na adolescência, gostava de me olhar nua no espelho para acompanhar as transformações do meu corpo e, a cada mudança, aumentava o meu desejo de individualidade, a liberdade de pensar e mover-me rumo ao encontro daquilo que eu queria ser.
Com o passar dos anos, já na fase adulta, continuei a cultivar o hábito de me olhar no espelho e conversar comigo mesma, como se fosse uma terapia. Gostava de contar os meus segredos, verbalizar meus sonhos, sorrir dos desatinos cometidos por imprudência, fazer cara feia para o que via e não gostava, como por exemplo, a falsidade, um comportamento que ainda me incomoda.
E assim fui cada vez mais cultivando o hábito de me despir de preconceitos e das amarras sociais, pois só me sentindo livre é que pude conquistar a confiança e a segurança necessárias para uma vida em equilíbrio, sem mágoas ou queixumes.
É certo que, na maturidade, o espelho me mostra que não tenho mais o mesmo viço na pele, o volume dos cabelos e o vigor físico para as corridas em busca de sucesso, no entanto, a nudez da minh’alma me permite continuar a ter fantasias – e tentar realizá-las –, com erotismo, principalmente por meio da produção literária, uma experiência nova.
 
Iêda Chaves Freitas
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 21/01/2021
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