SURPRESAS DE UMA PROFESSORA
Regina sabia que era querida por seus alunos, inclusive, passou por boas surpresas feitas pelos educandos, porém uma delas foi inusitada.
Por experiência, sabia que os alunos olham seus professores dos pés à cabeça. Por isso mesmo, vestia-se bem, cuidava da maquiagem, mantinha-se sempre discreta, trazia os cabelos bem escovados, unhas impecáveis e calçava sapatos e sandálias confortáveis que lhe permitissem pisar com elegância e andar com desenvoltura pela sala, ao mesmo tempo em que oportunizava a participação, da maioria dos alunos, nos temas abordados.
Regina não gostava de monólogos e de escrever no quadro negro. Suas aulas eram participativas, descontraídas, estimuladas por leituras sugeridas na aula anterior e, quando o tema permitia, usava diferentes técnicas para ampliar os processos de aprendizagem, isto é, adotava uma metodologia diversificada, inovadora. É verdade também que ela se destacava no seu contexto social como uma mulher segura de si, dinâmica, atualizada, educada e simpática.
Um belo dia, estando em uma atividade de planejamento, recebeu uma ligação de um de seus alunos. Não de um aluno qualquer, mas um que já estava na sua segunda graduação, mesmo já sendo pós-graduado. Logo que Regina atendeu a ligação ele se identificou, desculpando-se pelo horário do telefonema, mas indo direto ao ponto, isto é, fazendo-lhe elogios, com discrição, contudo.... Regina ficou surpresa e vaidosa, assim como insegura, trêmula, ruborizada. Aquela situação mexeu um pouco com seus sentimentos, já que ela não havia ainda experimentado, em sua atividade docente, nenhuma situação parecida.
Assim, meio sem jeito, ela agradeceu, com elegante civilidade, os elogios, entretanto, tentou desviar do assunto, informando-lhe que estava em uma atividade de trabalho. Educadamente despediram-se. Depois, sozinha, Regina pensou: como será a próxima aula?