O TEMPO
Passei muitos anos de minha vida olhando, e controlando, o tempo através do relógio. Atualmente, passo a maior parte do meu tempo sem ver as horas. Troquei pelo viver o tempo que me somam dias.
Aprendi a ver o tempo passar com o domínio da vida, em uma dimensão que me separa do que já fui, do que sou e do que ainda (quero) e vou ser.
Fiz um curso intensivo para saber como sufocar, sem mágoas, o que não me fez bem, soltar as lágrimas quando quero submergir de uma situação que me comove, mas também aprendi a chorar de alegria, já que fiquei mais sensível com as representações da vida.
Descobri, nos baús de minhas lembranças, o quê e o quanto vivi, o que não representei nos palcos e, sim, o quanto eu brilhei neles; vivi, sim, com intensidade, cada ato que pratiquei. E tenho absoluta certeza de que se estivesse na plateia aplaudiria minhas performances e festejaria com aqueles que me ajudaram a construir os espetáculos da vida. E eles foram muitos.
Escolhi ser professora, dediquei-me a aprender e a ensinar, a aprender a ser, aprender a honrar a minha profissão e ser referência para meus alunos.
Na minha jornada de trabalho, marcado por horas-aula, horas de planejamento, horas curriculares e tempo de qualificação profissional, somaram-se as minhas horas de dona de casa, de mãe e de mulher.
Ah!, o tempo me ensinou a ser dona dele e, ao mesmo tempo, mostrou-me o que verdadeiramente importa: o que e como eu fiz com o uso do tempo.