Milho de Pipoca
Em reunião festiva realizada em 03 de março de 2020, no Rotary Club Florianópolis -Trindade, do qual sou associada, recebemos a visita do ilustre senhor Helvino Wilsmann, Governador do nosso Distrito - 5246, ano 2019-20. Na sua fala, ele fez referência a uma mensagem de Rubem Alves, “Milho de pipoca”, sugerindo uma necessária reflexão sobre as rápidas mudanças do mundo contemporâneo, consequentemente sobre as transformações às quais precisamos nos adaptar.
Tomo emprestada a ideia porque já vinha refletindo sobre o tema faz alguns dias, por concordar que as pessoas precisam não apenas perceber as mudanças que vêm ocorrendo ao longo dos tempos na nossa sociedade, mas também que elas devem refletir sobre a participação de todos nesse processo, pois o modelo de sociedade se constrói com a soma de cada um, de suas ações efetivas.
De fato, há pessoas que, mesmo tendo passado pelo “fogo”, causado por alguma dor da perda ou sentimento de medo ou frustração, mesmo assim não se sentem motivadas a se transformarem, virar pipoca, macia e gostosa, preferem continuar milho duro, quebra-dentes, como disse Rubem Alves. Essas pessoas preferem se conformar com o estágio em que se encontram, opondo-se a qualquer reação para não sair de sua zona de conforto.
“O Rotary conecta o mundo”, esse é o lema deste ano Rotário 2020-2021 – confirmando que, independente do lugar onde se está, torna-se necessário transformar-se, buscar compreender e aprender o processo de adaptação que o novo tempo exige.
O tempo, como recurso, não é, de fato, o mesmo para todas as pessoas, por isso deve ser usado com sabedoria, aproveitando as oportunidades, senão elas passam, e se não soubermos usá-las a nosso favor, corre-se o risco de não mais recuperá-las em tempo algum. E assim nos tornarmos pessoas sem alegria, milho duro, sem capacidade de transformar-se naquilo que deve ser “depois do estouro” – pipoca, em formato de flor.
Os avanços das tecnologias e inteligências afetam e provocam mudanças socioeconômicas, políticas e culturais que interferem, inegavelmente, no comportamento das pessoas, das instituições e dos mercados, e acompanhar o ritmo ditado pelas transformações não é uma questão apenas de escolha, mas uma exigência que se efetiva na medida em que não existem alternativas, pois não há retorno, e sim evolução.
Nesse contexto é essencial aprender a reaprender de forma sistemática, aproveitar as boas experiências para usar a criatividade e inovar. O mundo atual exige pessoas proativas, que agem e são capazes de contribuir, de participar e fazer parte do espaço (mundo) que ainda nos pertence.
Somos movidos por esperança, não devemos nos endurecer a ponto de nos tornarmos piruá, o milho que não estoura ao passar pelo fogo e continua duro no fundo da panela.
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 10/07/2020