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ELA ACORDOU TARDE
Considerando as convenções de tempo objetivo aferido pelo relógio, ou estabelecido em calendários, ela acordou tarde, quase final da manhã de uma quinta-feira. Mas o que isso importa se ela aprendeu que a vida pode ter muitas outras formas de ser vivida, quer sejam em horas ou em frações destas, numa manhã ensolarada ou chuvosa, em um dia de semana, fim de semana ou feriado?
Enfim, ela descobriu formas subjetivas de viver intensamente, sem dependência de cronometria ou calendário, sem necessidade de medir, mas somente de sentir, curtir e comemorar cada nova conquista e aprendizado.
Assim foi naquela quinta-feira. Que importavam para ela compromissos agendados com horário se a companhia que acostava ao seu peito a fazia ouvir as batidas dos corações de ambos, de tão aconchegados que estavam um ao outro, quando até mesmo o cheiro que exalavam era único? Um sentimento de pertencimento ia aflorando, ao mesmo tempo em que se firmava o sentido do que é amor incondicional.
Para completar o cenário, o dia estava chuvoso, com temperatura amena, provocando cada vez mais o desejo de ficarem agarradinhos um ao outro e estavam tão confortáveis que ao mudarem de posição, na cama, faziam de forma orquestrada, embalados talvez pelos sonhos alegres com mensagem de esperança.
Dessa forma, ao acordarem estavam felizes, radiantes, repletos de energia para viver com graça, leveza e energia.
O tempo só melhora quando se aprende a viver com qualidade todos os prazeres que lhe são permitidos e possíveis de desfrutar. Foi de fato uma grande conquista para ela, pois grande parte de sua existência se deu em função de cumprimento de horários, agenda e calendários, inclusive letivo, já que é professora, agora aposentada.
Ah, ela estava na companhia do seu quarto netinho, Vinícius, um garoto de 12 meses, lindo, sapeca, simpático e muiiiiiito gostoso.
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 16/06/2020
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