Ieda Chaves Freitas
Percepções sobre o que li, vi e vivi.
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Textos
O invisível age
Nestes dias de isolamento social, por causa da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), damo-nos conta do quanto somos isolados, inclusive de nós mesmos, dos nossos reais valores, dos cantos e recantos onde vivemos o dia a dia na companhia de nossa família.

É na nossa casa que diariamente passamos as mais preciosas horas e fazemos nossa vida ter sentido, desde o acordar, com o espaço reservado na mesa das refeições, temos um lugar sagrado para voltar de onde quer que seja, depois de trabalhar, passear, malhar, viajar, e a garantia de uma aconchegante cama para descansar e dormir.

Reconheço a importância do trabalho e da vida social, mas reconheço também que há muito tempo reclamávamos da correria que o mundo globalizado impôs a todos nós. Muitas vezes desejávamos ter mais tempo para ficar em casa, para “cuidar” de nós, não é verdade? O que me fez lembrar uma música de que gosto muito e ela reflete a situação atual, que diz assim: “Devia ter (...)/ trabalhado menos/ Ter visto o sol se pôr/ Devia ter me importado menos/ Com problemas pequenos/ (...) A  cada um cabe a alegrias/ E a tristeza que vier” (Epitáfio – Titãs).

Quem já não ouviu as muitas reclamações sobre a exaustiva rotina das pessoas que precisam ou optam por ter mais de um emprego, das agendas lotadas pelo acúmulo de compromissos assumidos, enfim, de uma jornada sem tempo para a vida pessoal e a família?

Era comum que todos os meios de comunicação destacassem, nestes tempos modernos, a falta de solidariedade das pessoas, da crescente e desmedida ambição e egoísmo, da corrida desenfreada pelo conquista do sucesso, fama e seguidores, do elevado nível de consumo, de todas as classes socioeconômicas, e muitas outras mazelas que atingem a sociedade contemporânea.

Pois bem, essas questões eram assuntos corriqueiros até poucos dias deste ano de 2020, antes que um invisível chegasse para mostrar que nossa vida pode ser saudável com um ritmo menos acelerado de trabalho ou outras formas de exercê-lo, com menos ganância, com hábitos de higiene que são aprendidos desde criança e que agora foi preciso o uso de campanha para que pudéssemos lembrar.

Aprendemos desde nossa tenra idade que devemos respeitar e cuidar dos idosos, que valores como a solidariedade, ética e gentileza são importantes para moldar nosso caráter e padrão de comportamento, mas foi preciso um invisível para lembrar-nos que esses valores continuam válidos para a vida em sociedade.

Não se pode ignorar os desdobramentos que esse invisível vem causando em diversas áreas do desenvolvimento humano, assim como na economia dos países e, no caso do Brasil, logo agora que tínhamos expectativas de que a partir deste ano houvesse a retomada do processo de crescimento econômico e quem sabe, de desenvolvimento, já podíamos começar a sonhar No entanto, o invisível mostrou que nem sempre somos capazes de cumprir nossas metas, e por isso devemos aprender a reagir, com perspectivas reais de enfrentamento às desordens do acaso.

O presente e o futuro incertos pedem cautela e planejamento, inclusive na escolha de prioridades, o que inclui rever padrões de comportamento nas formas de produção e consumo.

Vamos, pois, aprender e agir, fazer a nossa parte, antes que o invisível vença a todos. Vamos dar valor ao que realmente importa: nossas vidas, nossas famílias. Vamos aprender a viver em harmonia, importando-nos com o outro (sem estocar produtos), percebendo o valor das coisas simples, preservar e admirar a beleza da natureza, passear nos espaços públicos (depois da quarentena), sorrir, cumprimentar, abraçar, distribuir carinho, ternura e solidariedade.

Esse invisível irá permanecer entre nós, mesmo depois da fase de pandemia, por isso é importante que fiquem as lições para reaprendermos a nos prevenir, reconsiderar, exercer a empatia no nosso dia a dia, além de respeitar os idosos, enfim, valorizar, de fato, o que faz a nossa vida valer a pena.
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 27/03/2020
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