Ieda Chaves Freitas
Percepções sobre o que li, vi e vivi.
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Textos
Ô sono, cadê você?
Geralmente é a mesma rotina, chega uma determinada hora da noite, decidimos que está na hora de deitar e dormir: quarto organizado, cortinas fechadas, cama arrumada, lençóis e travesseiro limpos, macios e perfumados, controle ideal da temperatura, iluminação quase nenhuma, copo d’água em cima da banca de apoio, óculos e telefone ali ao lado. Uma oração e vamos nos aconchegar para dormir.

Ontem, no entanto, o sono não veio. Depois de alguns longos minutos tentando a melhor acomodação na cama, pergunto: “Ei, cadê você, sono? Aonde você foi sem me avisar e, além disso, está demorando a chegar? Foi fazer o quê? Com quem?”

Espero, espero e nada, nem de presença e nem de resposta. Mas, como assim? O dia havia sido tranquilo: cedo da manhã fui à academia, pois a qualidade de vida faz parte dos meus hábitos, sempre retorno e tomo meu banho, faço meu lanche, cuido dos afazeres da agenda diária, a tarde tenho compromissos, sou pontual e dá tudo certo, a noite assisto uma boa série de comédia na TV e chega a hora de dormir. Boa noite.

Mas definitivamente o sono não vem. Fazer o quê? Penso nas viagens que já fiz, nas que estão programadas, incluindo França e Itália. Relembro algumas passagens de minha vida profissional, algumas aulas nas quais me senti realizada pela participação vibrante e interessada de meus alunos, enfim, lembro coisas boas que possam ser acalento para a memória e provoquem a leveza necessária para relaxar.

Já chegou um novo dia, e a cada hora parece que o danado do sono foi se afastando para lugares mais distantes de mim. Chego a me levantar, ando pelo apartamento, olho pela varanda e vejo a avenida calma, as pessoas estão dormindo, penso eu; e avança a madrugada, e no horizonte vou avistando um lindo colorido matizado, desejo sonhos.

Finalmente, quando chega a hora de acordar ele chega, de mansinho, como não quer nada e vai se aninhando, me fazendo um aconchego de desculpas, vou aceitando e o desculpando. Valeu! Melhor pensar assim, fiz boas reflexões nessa noite, portanto ela não foi mal dormida, estive apenas brincando com um parceiro que quis me mostrar pode ser mais esperto do que eu. Ô sono travesso! E a lição? A vida é mesmo imprevisível.

Meio dia acordo, dirijo-me a ele e digo-lhe: “Boa tarde, que bom que você chegou pela manhã e ainda me fez sonhar. Obrigada! Mas, por favor, hoje chegue mais cedo, pois amanhã bem cedo tenho compromisso e quero estar linda e radiante.”

Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 07/03/2020
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