O QUE MOVE VOCÊ?
O que move as pessoas? É o mesmo que move o mundo?
Esse ato de pôr em movimento ou estímulo se dá por decisão individual em direção aos propósitos e objetivos de cada pessoa ou as pessoas têm sido estimuladas e agem por imitação do coletivo?
Confesso que, independentemente de como se formule essas questões, as respostas serão muitas e conflituosas, corroborando com a incerteza e crises pessoais e das nações, principalmente aquelas que não alcançaram um patamar sustentável de desenvolvimento.
No contexto da sociedade moderna, em que se copia tudo, parece que perdemos a capacidade de agir, fazer nossas escolhas e tomar nossas decisões com base nos nossos valores, isto é, embasados naquilo em que acreditamos, que definimos como virtude. Difícil, então, saber o que move as pessoas em uma sociedade complexa e em evolução permanente; senão vejamos algumas incongruências.
O meio ambiente e seus respectivos biomas é imprescindível e relevante para sociedade que defende o desenvolvimento sustentável? Ou as pessoas “importantes” determinam como deve ser o ambiente em que vivem os seres vivos, incluindo os seres humanos? Nós, na Era do Conhecimento, sabemos e temos consciência de que os recursos naturais são finitos? Sabemos também que nossa falta de responsabiliz(ação) terá consequências no presente e no futuro?
O fato é que, sem generalizar, percebo que a maioria das pessoas, notadamente os jovens, têm apresentado comportamentos ou motivações tão controversas que nos permite observar detalhes do tipo: querem qualidade de vida, mas não respeitam a natureza e arriscam, inclusive, sua segurança alimentar priorizando a facilidade, e não especificamente os alimentos que têm qualidade na sua composição proteica e nos seus processos de elaboração. E assim se comportam em muitos outros aspectos de prevenção da saúde, do bem estar físico e emocional.
Conheço gente que especialmente na fase produtiva usa o discurso da falta de qualidade de vida, chega a ser enfática em reclamar das dificuldades que encontra no seu dia a dia; contudo, observando melhor o comportamento dessa mesma pessoa, percebe-se o quanto é reativa a adotar posturas que impliquem usar tempo e esforço, pois existem outras prioridades na sua agenda.
Parte dessas atitudes se atribui ao mundo globalizado que exerce influência nos padrões de produção e consumo, e que tem contribuído para ampliar, consideravelmente, a competitividade entre as pessoas e organizações; isso posto, aumenta a ganância, o medo e a insegurança e a perspectiva de crescer profissionalmente a todo ou qualquer custo.
Muitas das vezes os caminhos escolhidos nesta sociedade consumista e de valores difusos são os mais curtos, atingir objetivos e bater metas, usando a melhores estratégias e sem perder o foco. Nesse mercado vence o mais inteligente, o mais ágil, e não necessariamente o mais competente em desenvolver suas habilidades, e assim firmar seus talentos, aquilo que de fato constitui-se uma marca e resiste às mudanças imprevisíveis da sociedade contemporânea.
Assim, a sociedade caminha em busca de uma perspectiva de vida que lhe dê mais estabilidade econômico-financeira, e ao mesmo tempo reclama da falta de estabilidade emocional, do estresse que se estabelece e interfere na qualidade de vida que pretensamente espera ter com mais trabalho e melhor remuneração.
Ora, sabemos que não somos seres humanos iguais e as estatísticas confirmam que somos uma sociedade cada vez mais desigual. O último índice de Gini está aí para confirmar. No entanto, estratégias mercadológicas, cada vez mais sofisticadas, estimulam uma certa padronização de consumo de modo a atingir as diferentes classes socioeconômicas, numa maneira disfarçada de tornar as pessoas menos desiguais, pelo menos do ponto de vista de determinadas oportunidades, como frequentar shopping center, usar grifes, seguir as tendências da moda, etc. e tal.
E assim são as pessoas, movidas por desejos que não são, de fato, propósitos, mas ideários de conquista para se manter no mundo globalizado de fantasias, imagens e estamparias de sucessos.
E então, já refletiu sobre o que move você?
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 06/03/2020