Textos
A vida, a morte, uma marca
No curto espaço de um mês, recebi notícia da morte de três ilustres pessoas com as quais trabalhei e das quais desfrutei do prazer de suas companhias, inteligências e convívio profícuo.
Cada uma delas tinha, na sua personalidade, uma marca que defino em: humildade, segurança, alegria contagiante. Assim vou me lembrar de como eram essas pessoas em vida, com essas marcas que construíram pelo caráter.
Diante dos momentos de tristeza que senti por não mais ver esses colegas e dizer a eles(as) sobre o meu sentimento de respeito e admiração, reafirmei para mim mesma: a partir de agora, toda vez que tiver oportunidade direi para as pessoas do meu convívio, o que nelas admiro.
O fato é que não costumo parar e refletir sobre a morte, nem esperar por ela, mesmo sabendo que virá. Mas a proximidade entre essas ausências, que agora serão eternas, me chamou a atenção para uma pergunta de cunho pessoal, que já vinha burilando minhas ideais há alguns dias: Qual será minha marca? Qual a minha identidade? Como sou referenciada e serei lembrada?
Mesmo que não deseje fazer dessa descoberta um propósito, insisto nas minhas indagações: Que padrão de comportamento define minha personalidade? Será que ao longo dos anos, com a soma de experiências, moldei alguma característica que possa servir de exemplo, além da ética? Por que levei tanto tempo para pensar o quanto é relevante descobrir, ainda em vida, como gostaria de ser lembrada pelos que me conhecem(ram)? Que palavra será usada pelos outros para me definir? Que valores poderão ser usados como referência para moldar o meu ego? Isso é importante ou essencial para a continuidade de minha conduta em família e na sociedade?
Parece que as respostas não estão em mim, mesmo que eu queira esmiuçar, buscando identificar, por meio de autoavaliação, minhas qualidades ou virtudes. Quero crer que alguma coisa eu fiz de bom, que algum impacto positivo possa ter causado na vida de outras pessoas de modo a ser lembrada ou referenciada por quem me conheceu, conhece, conviveu, convive, trabalhou, enfim...
Se estou certa ou errada não sei, mas me importa descobrir o que sou para os outros e, nessa indecisão, até para mim mesma, vai que ainda tenha tempo de construir um legado, ou seja, uma marca. Por enquanto, vou balizando minhas teorias e discursos com as ações.
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 04/03/2020
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