Das primeiras semanas do mês de dezembro até o dia 6 de janeiro do ano seguinte, por tradição, os cristãos comemoram o período natalino, celebrando o nascimento de Jesus Cristo no dia 25 de dezembro. Os lares e cidades se enfeitam e são iluminados com as luzes piscas-piscas, e adornados com os presépios que simbolizam essa passagem. As famílias iniciam os rituais para as festas, renascendo, em muitos, o sentimento de doação/amor ao próximo e, sendo fim do ano, surgem as reflexões sobre o ano que se acaba e os planos e perspectivas para o novo.
A partir de uma certa maturidade, comecei a pesquisar sobre o sentido atribuído a cada um dos símbolos usados nas celebrações do Natal, e assim comecei a decorar a casa, desde a guirlanda fixada na porta de entrada, sinalizando as boas-vindas aos meus ilustres visitantes, a montagem da árvore de Natal, com estrela, bolas e sinos, até  a distribuição das velas em pontos estratégicos da casa, acreditando que elas iluminam os acontecimentos do ano vindouro e, por fim, anualmente, passei a definir com a família o local de realização da ceia, momento de celebração com alegria, união e paz. A troca de presentes faz parte do ritual, e geralmente é um momento de confraternização, de mensagens de gratidão e afeto.
Confesso que esse passou a ser um período especial para mim, por muitas razões, mas, essencialmente, por ter aprendido com o passar do tempo a dar, a mim mesma, sentido para a renovação da vida, já que o ciclo natalino simboliza nascimento. Assim tenho refletido sobre o significado de cada mudança que vivencio, ano após ano, aprendendo a rever posturas e costumes, a consolidar valores e fazer releituras de acontecimentos vividos, enfim, renascer para novos formatos que a vida nos oferece dia após dia.
O período natalino também contempla aniversários do meu esposo, meu e do meu filho. Por isso, tenho celebrado com muito mais sentido do que apenas o de festejar o aniversário, mas aproveitando para comemorar a dádiva de estar viva, e com saúde, de ter construído uma família e o privilégio de conviver com ela, assumindo as benesses de ser esposa, mãe, avó e sogra, e de ter um grupo seleto de amigos que fazem parte do meu universo de realizações e, por tudo isso, tenho gratidão.
Vivo intensamente a magia do período que anuncia o fim de um ano, agradecendo o que realizei, contemplando os castelos e sonhos os quais fui capaz de construir e realizar, com a convicção de que segui o roteiro do Arquiteto e usei matérias-primas resistentes às intempéries de um mundo mutável, quais sejam o amor, o respeito e o carinho, dando-lhes formas e beleza para contemplá-los no ano seguinte e, se necessário, fazer as manutenções que o desgaste do tempo requisitar.
No Natal, portanto, contemplo a vida em cada um dos enfeites que decoram as casas, as avenidas, os shopping-centers, fortificando em mim o desejo de que a estrela guia continue a orientar meus passos rumo ao bem, que aperfeiçoe minha compreensão e sabedoria para viver em uma sociedade complexa e desigual, que consiga fortalecer em mim os laços de amor e união junto aos meus familiares e amigos e que a esperança seja mais um elemento que me conduza a agir e a alcançar as conquistas que faço por merecer.

Feliz Natal! Feliz Vida!