Há dias que tomo a decisão de ficar em modo avião, desligar-me daquilo que me incomoda ou não me provoca satisfação, prazer. Excetuando-se notícia de que a taxa Selic baixou, mas uma vez, bom para quem precisa de crédito, as outras informações dos jornais sugerem que vivemos uma situação de descrédito até de sentimentos como o amor e o perdão.
Sinto-me impotente diante das contradições sociais e dos sucessivos desastres ambientais, incapaz de aceitar a opção da maioria das pessoas pelo comodismo. Parece que nada de mal está acontecendo em sua volta, está tudo bem, como assim? Há pessoas sendo mortas todos os dias por diferentes e banais motivos, crianças sendo alienadas pela tecnologia que devia ser uma aliada do conhecimento, famílias ausentes na educação dos filhos, cobrando e transferindo para as instituições educacionais o papel de educá-los, adolescentes que não sabem nada da vida e do que lhe espera daqui a alguns anos. Assiste-se e não se discute propostas de mudanças para a desigualdade social que só aumenta a distância entre os que ganham mais e os que vivem em situação de pobreza, ampliam-se o consumo, a dependência e os efeitos perversos das drogas na sociedade, sem que nenhuma política pública consiga pelo menos minimizar o impacto social.
Enfim, as notícias não nos permitem acreditar que teremos um futuro diferente do presente, e assim é desolador imaginar-se conviver em um mundo de hipocrisias, pessoas com depressão, suicídios e sem nenhuma perspectiva de dias melhores.
Fico a idealizar uma sociedade mais solidária, com retorno aos valores morais e éticos basilares na sociedade da época que nasci, e antes que me perguntem, faço a minha parte, respeito às diferenças, mas não aceito indiferenças, apenas me permito ficar offline, pelo menos um dia, para sofrer menos.